Pular para o conteúdo principal

A guerra nossa de cada dia


                                      Sérgio Ernesto Alves Conforto*


         Na acirrada competitividade da economia contemporânea, empresas e gestores enfrentam batalhas diárias pela conquista de posições no mercado e na disputa com os concorrentes. A guerra do universo corporativo no mundo globalizado é travada nos terrenos inóspitos das crises financeiras como a de 2008/2009, da burocracia, do protecionismo e dos mais inusitados obstáculos.
        A analogia não é meramente retórica ou semântica. Há numerosas congruências entre a gestão de uma empresa e a administração das complexas engrenagens relativas aos conflitos bélicos. Para entender melhor a questão, comecemos fazendo rápida análise do termo “Estratégia”. Derivado da antiga língua grega, significava “A Arte do General”, e por “General” devemos entender o chefe maior de todas as forças, capaz de liderar grandes efetivos em missões arriscadas.

Com o tempo, e coerente com o pensamento de Sun-Tzu (general chinês que viveu no século IV AC, precursor da “Estratégia” e autor de “A arte da Guerra”), associou-se o termo à capacidade de se convencer o adversário a desistir do combate (“o mérito supremo consiste em quebrar a resistência do inimigo sem lutar...”), ou, então, a iludi-lo, colocando-o em posição desvantajosa, de modo a lhe apressar a derrota com mínimo desgaste para o lado vitorioso. Para o sucesso nessas metas é preciso planejamento, bom uso de experiência e sabedoria, capacidade de liderança e análise de riscos, além de invulnerabilidade aos artifícios do adversário.

Não há fenômeno de maior complexidade e tão frequente na história da humanidade do que a guerra. Para o preparo das ações nesses conflitos, os conhecimentos podem ser aplicáveis em qualquer outro tipo de empreendimento. No mundo corporativo mercadológico, o termo “guerra” deve ser entendido como o duelo entre vontades, a luta pelo alcance de metas, em presença de antagonismos e pressões de toda ordem. Porém, é claro, sem o desencadeamento de ações de violência.

Os conhecimentos e aplicação de conceitos e estratégias militares podem ser extremamente proveitosos na relação entre pessoas, empresas ou nações, ainda que em tempos de paz. É o sobe-e-desce das bolsas, aquele excelente executivo contratado pela concorrente, um novo diferencial tecnológico, ou aquela grande ideia de marketing que eleva as vendas. Acontecimentos estes que podem ser previstos por meio da informação e contrainformação. Um estrategista lê o noticiário com outros olhos, reconhece as mensagens ocultas em filmes, pronunciamentos políticos, propagandas de toda ordem, com afinada percepção do emprego diário dos instrumentos de dominação.

Nesta guerra, o campo de batalha é o mercado; os soldados são os cientistas, os diplomatas, os jornalistas, os profissionais da propaganda, os psicólogos, os professores e economistas. O cotidiano de uma economia altamente competitiva exige muita estratégia por parte das empresas e gestores que buscam sempre a vitória.


*O General de Exército Sérgio Ernesto Alves Conforto, coordenador do Curso de Estratégia Militar para Gestão de Negócios da FAAP e ex-ministro do Superior Tribunal Militar.

Comentários

Patrocinado

Patrocinada

Patrocinada
Loja Uol

Postagens mais visitadas deste blog

Quem Vê Cara Não Vê Coração?

A famosa frase: “Quem vê cara não vê coração” é conhecida há décadas (se é que não há séculos). Muito romântica e criadora de esperanças, é usada para falar de amor e ódio, bondade ou maldade, etc. No entanto, quando trazemos tal afirmação para os conceitos mercadológicos, essa frase elaborada de forma afirmativa é totalmente improcedente. Para o mercado, a “cara” é preciso ser muito bem vista e valorizada, caso contrário, não haverá interesse do consumidor em conhecer melhor o produto, serviço, empresa ou profissional e se “apaixonar” pelo coração, pela alma e por tudo mais que apresente de melhor. Vamos analisar alguns exemplos simples, para esclarecer esse entendimento: Verifique as embalagens de perfumes famosos (tanto as de vidro quanto de papel, em especial as de vidro). Sempre são inovadoras, provocantes, sensuais, delicadas. São diferenciadas para criar no consumidor o interesse em ir até elas e experimentar suas fragrâncias. É preciso conquistar antes pelos olhos, depois pelo

Centro de Inovação e Criatividade ESPM lança o curso “Gestão da Inovação”

São Paulo, 15 de setembro de 2008 – Atualmente, um dos principais desafios das empresas nacionais é a inovação, no entanto, os investimentos na área são baixos para o melhor desenvolvimento das empresas. Para mostrar como as instituições e profissionais podem conduzir o processo de gestão da inovação por meio de metodologias e modelos estruturados, o Centro de Inovação e Criatividade ESPM lança o curso “Gestão da Inovação”, com início em outubro. O programa, pioneiro no mercado nacional, visa formar gestores da inovação aptos a atuar nas mais diferentes frentes de negócios. As aulas abordarão tanto a estratégia quanto a operação como parte do planejamento estratégico das empresas. Ao longo do curso, o aluno contará com questões fundamentais como a importância de todos os colaboradores no ato de inovar, as principais tendências do mercado e fatores chaves de sucesso. O participante conhecerá também o conjunto de ferramentas para o desenvolvimento do negócio, os caminhos para a inovação

Artigo: Sonhos de um profissional

Artigo: Sonhos de um profissional * Washington Kusabara O profissional pode ser entendido como uma pessoa em constante aperfeiçoamento. Em um fluxo de fabricação, onde há matéria-prima e produto acabado, o profissional deve ser como o material em processo, já que sempre há o que melhorar ou algum componente a ser acrescentado. Estipular objetivos significa avançar pequenos passos em direção aos nossos sonhos. Ainda que para alcançar estes objetivos seja preciso passar por alguns "desvios", ou até mesmo alguns "retrocessos", o importante é perseverar e cuidar para que haja determinação e não obstinação, que pode nos "cegar" e fazer com que se perca o rumo. Da mesma forma trabalham as empresas, já que as metas do mundo corporativo são referências circunstanciais que as companhias necessitam para sobreviver, crescer e evoluir. Diante não apenas da concorrência, mas das mudanças inesperadas dos cenários econômicos, a velocidade com que atingem

Patrocinado

https://click.afiliados.uol.com.br/Clique?idtUrl=397642&cpg=Mzk3NjQy&source=144&type=link&creative=SG9tZSBMb2ph&affRedir=https%3A%2F%2Fmeunegocio.uol.com.br%2Floja-virtual%3Faff_source%3Dae14226733424e5b905e2fa03e33d077