Por Isaac Pinski*
Imaginemos dois irmãos, solteiros, entre 30 e 35 anos, ambos formados em informática e amantes da música. Um faz dela o seu meio de vida e se torna músico profissional. O outro faz da música um hobby e se torna um profissional de TI de relativo sucesso, trabalhando como funcionário de uma organização que está exaurindo as suas energias, mas que lhe tem proporcionado promoções e crescimento material.
O primeiro preocupa sua família, que vê em sua escolha um comportamento imaturo e irresponsável, convencida de que a música não sustenta ninguém. O segundo atende às expectativas familiares através de uma escolha profissional sólida e segura.
O primeiro dos irmãos busca trabalhos esporádicos em bandas que se apresentam em sua cidade, evitando viagens e mudanças que, ao seu ver, prejudicariam a sua qualidade de vida.
O segundo cogita buscar ainda maior segurança, e se prepara para prestar um concurso público, pois acredita que, como funcionário público, terá uma vida mais tranqüila e garantirá seu futuro. A atividade que esse jovem exercerá, se aprovado, e sua realização com o trabalho público são, de longe, aspectos muito menos relevantes para ele do que a questão da segurança material.
Dois irmãos e duas posturas quase opostas em relação à vida e ao futuro. Um pode ser visto como romântico e irresponsável, o outro como materialista e pragmático. Quem está certo? Quem está errado?
Até que ponto é sensato despender tanto esforço, recursos e sacrifícios para se graduar em um curso superior para jogar pela janela tais conhecimentos sem nunca ter dado oportunidade de descobrir se é possível obter sua realização exercendo tal profissão? Num mundo ávido por resultados imediatos e por jovens geniais e multimilionários será que ainda há espaço para o desenvolvimento de uma carreira tradicional?
A impressão que se tem, observando o comportamento humano com o apoio das técnicas do coaching, é que as pessoas estão ficando sem referências e sem rumo. Desperdiçam seu tempo e seu talento. E pior, tornam-se pessoas infelizes e inseguras. E embora isso aconteça em todas as idades, é mais freqüente entre as pessoas com menos de 40 anos.
Nessas horas e para essas pessoas o coaching conduzido por profissionais éticos e competentes pode ser extremamente útil ao ajudar o indivíduo a definir seu norte e desenvolver formas de atingi-lo, suportando-o durante todo o processo. E o nosso herói decidirá seu caminho pela arte ou pela informática, pelo empreendedorismo ou pelo funcionalismo público, utilizando ou descartando seus conhecimentos adquiridos no curso superior. Mas com a convicção de quem sabe o que quer fazer em 2012.
Isaac Pinski é sócio-diretor da Pinski Consultoria, empresa focada em gestão empresarial. Com mais de 30 anos de experiência em diagnóstico organizacional, análise de processos, planejamento estratégico, logística integrada e comunicação interna. O executivo é Mestre em Administração pela FEA-USP, certificado como Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e engenheiro aeronáutico formado pelo ITA.
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