Pular para o conteúdo principal

ARTIGO - Está caro ou barato?

Temos que entender que o preço é, apenas, mais um dos elementos da estratégia de vendas de uma empresa (não é o único). Isso precisa ficar claro antes de demonizarmos aqueles que praticam preços baixos

Em tempos de vendas difíceis, clientela escassa e baixo crescimento da economia, sobrevive melhor o empresário que busca alternativas de diferenciação frente aos seus concorrentes. Há várias formas de fazer isso, sendo bastante recorrente a redução de preços. Condenada por muitos empresários, tal prática precisa ser entendida como opção legítima e que não expressa, necessariamente, urgência em baixar os estoques.

Reduzir preços não pode ser considerada uma atitude vil ou desonesta (a única exceção é a prática de dumping, mas isso é proibido pela legislação e punido pelos órgãos competentes). Temos que entender que o preço é, apenas, mais um dos elementos da estratégia de vendas de uma empresa (não é o único). Isso precisa ficar claro antes de demonizarmos aqueles que praticam preços baixos. 

Empresários competentes contemplam, além do preço, a distribuição. Pense em como pode haver uma diferença expressiva no preço para o consumidor, se a venda for realizada através de um site ou diretamente na loja. Essa diferença se explica em função do custo operacional que o lojista tem para manter seu negócio em uma loja física, com uma estrutura muito mais onerosa.

Outra questão importante é a comunicação. Quanto mais intensa esta for, mais conhecido será o produto ou serviço e, consequentemente, mais desejado ele se torna. Isso pode permitir a prática de preços mais elevados. Não se trata, contudo de uma regra. A rede Habibs, por exemplo, faz uma comunicação intensa para divulgar seus preços mais baixos (e não há motivos para julgar que esses preços sejam vis).

Por fim, há a questão do produto. Aqueles de maior prestígio normalmente estão atrelados a marcas que justificam um preço mais alto, enquanto os de menor prestígio precisam de um apelo maior para vender, o que às vezes se traduz em um preço menor. A maionese líder de mercado pode cobrar cerca de 30% mais do que o segundo colocado.

Podemos dizer, em função disso, que o desafiante está aviltando o mercado por cobrar menos? É claro que não.

Preço, portanto, é uma decisão estratégica que leva em consideração vários elementos. Pensemos na prática adotada atualmente pela BMW, que está vendendo seus carros com condições excepcionais de financiamento. A razão para isso são seus objetivos de médio prazo, que incluem conquistar um mercado que, atualmente, pertence à Mercedes-Benz.

Em última análise, antes de pensar que um fabricante está praticando um preço vil por vender barato, tente entender sua estratégia para verificar se o que ele está fazendo não é uma acertada decisão.

 

 

João Batista Vilhena é consultor sênior do Instituto MVC. Tem 35 anos de experiência profissional em Treinamento, Consultoria e Coaching, nas áreas de educação, gestão, marketing, negociação, vendas e distribuição. É doutorando pela Universidade de Rennes/França, mestre em Administração pela FGV e pós-graduado em Marketing pela ESPM/RJ. É coordenador acadêmico do MBA em Gestão Comercial da FGV.
Já atendeu mais de 109 empresas nacionais e multinacionais de diversos setores. Como palestrante participou de importantes eventos nacionais e internacionais.
Colunista da Revista VendaMais, escreve regularmente artigos e resenhas em veículos especializados, entre os quais Revista Melhor e HSM e IMVC UPDATE.

 

Comentários

Patrocinado

Patrocinada

Patrocinada
Loja Uol

Postagens mais visitadas deste blog

Quem Vê Cara Não Vê Coração?

A famosa frase: “Quem vê cara não vê coração” é conhecida há décadas (se é que não há séculos). Muito romântica e criadora de esperanças, é usada para falar de amor e ódio, bondade ou maldade, etc. No entanto, quando trazemos tal afirmação para os conceitos mercadológicos, essa frase elaborada de forma afirmativa é totalmente improcedente. Para o mercado, a “cara” é preciso ser muito bem vista e valorizada, caso contrário, não haverá interesse do consumidor em conhecer melhor o produto, serviço, empresa ou profissional e se “apaixonar” pelo coração, pela alma e por tudo mais que apresente de melhor. Vamos analisar alguns exemplos simples, para esclarecer esse entendimento: Verifique as embalagens de perfumes famosos (tanto as de vidro quanto de papel, em especial as de vidro). Sempre são inovadoras, provocantes, sensuais, delicadas. São diferenciadas para criar no consumidor o interesse em ir até elas e experimentar suas fragrâncias. É preciso conquistar antes pelos olhos, depois pelo ...

Artigo: Relacionamento interpessoal

Relacionamento interpessoal “Relacionamento é tudo. Ou quase tudo” Profº Marcelo Veras foto Arquivo Pessoal   Por Marcelo Veras* Com este artigo, inicio um novo ciclo de reflexões sobre mais uma competência comportamental que, como se diz por ai: “desde que o mundo é mundo”, tem ocupado uma posição de destaque entre as competências responsáveis pelo sucesso de pessoas na vida pessoal e profissional. É o famoso  Relacionamento interpessoal . Como um belo exemplo de pessoa tímida, caseira, que não gosta muito de eventos sociais e que não nasceu com o  chip  das pessoas bem relacionadas que têm a almejada virtude de fazer amigo até em fila do cinema, eu acreditava (equivocadamente), por muito tempo, que se fizesse o meu trabalho bem feito, no prazo e com qualidade, o meu futuro estaria garantido. Profundo erro, descoberto logo nos meus primeiros anos de carreira. Confesso que sofri muito quando vi pessoas que considerava bem medianas obtendo êxitos e alça...

Open to work: especialista em mercado de trabalho dá dicas de como tornar o LinkedIn atraente

  Estratégias vão desde a escolha de foto profissional ao uso de palavras-chave eficazes para a criação de um perfil de destaque Na busca para se posicionar profissionalmente, muitos profissionais ainda cometem erros ao publicar no LinkedIn ou mantêm perfis pouco atraentes. Juliana Nóbrega, professora de Marketing do Centro Universitário de Brasília (CEUB) e especialista em mercado de trabalho, ensina como transformar a plataforma em uma ferramenta estratégica para alcançar o emprego desejado, aumentando a visibilidade para atrair recrutadores e evitando deslizes.   Confira as dicas práticas:    1. Elementos para um perfil de LinkedIn atraente e competitivo JN: Uma boa foto de perfil é fundamental, pois facilita que as pessoas te identifiquem e reconheçam com facilidade. Escolha uma foto com fundo liso e neutro, que contraste com o rosto, tornando o avatar de fácil visualização. Outro ponto importante é a descrição do perfil, que aparece abaixo do nome. Use palavras-...

Patrocinado

https://click.afiliados.uol.com.br/Clique?idtUrl=397642&cpg=Mzk3NjQy&source=144&type=link&creative=SG9tZSBMb2ph&affRedir=https%3A%2F%2Fmeunegocio.uol.com.br%2Floja-virtual%3Faff_source%3Dae14226733424e5b905e2fa03e33d077