Pular para o conteúdo principal

 O executivo de Marketing e a identidade da marca

Cida Oliveira*

No universo corporativo, a marca é um ser vivo que respira e pulsa na sociedade. E quem é encarregado de manter esse coração batendo com vigor? O executivo de Marketing. Ele é o guardião da marca, um papel que ultrapassa a mera função dentro da empresa e se estende a um compromisso vitalício com a imagem e o propósito que representa. A missão do executivo não é apenas comercializar produtos, mas eternizar a marca num mercado no qual a efemeridade é a única constante.

O executivo é, muitas vezes, o principal rosto da empresa, e isso não é uma responsabilidade a ser tomada de ânimo leve. Sua conduta, em qualquer contexto, reflete diretamente na percepção pública da marca e no engajamento dos colaboradores. Quando ele decide assumir o manto de guardião, é como se firmasse um pacto, uma aliança com a história e os valores da empresa. Sua presença é quase onipresente, mesmo nos ambientes mais informais, como redes sociais ou eventos descontraídos. Cada movimento seu é analisado, interpretado e, inevitavelmente, associado à empresa que representa.

Essa associação persona-marca pode ser vista como uma dança delicada. A cada passo, o executivo deve manter-se em harmonia com o ritmo e a melodia da empresa, evitando deslizes que possam soar dissonantes com os valores corporativos. Isso não significa que sua vida pessoal deva ser ceifada pela magnitude da marca; pelo contrário, significa que suas escolhas precisam estar em consonância com a identidade que ele decidiu representar. Como em uma escolha filosófica de vida, ele deve avaliar se a marca ressoa com seus princípios e inspirações.

A liberdade do executivo, então, está em sua escolha inicial. Ao decidir representar uma marca, ele deve se perguntar: esta empresa me representa tanto quanto eu a represento? Há uma sinergia entre a história da marca e a minha história pessoal? Sem essa reflexão profunda, o peso da responsabilidade pode se tornar uma prisão, um fardo difícil de carregar. Pois a marca, uma vez associada a uma imagem, espera do executivo um compromisso quase inabalável com seus valores e missão.

É importante ressaltar que a responsabilidade do executivo de Marketing não se limita ao presente; ela projeta-se para o futuro. Uma marca, muitas vezes, tem uma vida mais longa do que a carreira do próprio executivo. Ela é um legado que precisa ser protegido, nutrido e conduzido de forma respeitosa e criativa. A reputação da marca é como uma delicada peça de porcelana: uma vez trincada, dificilmente será restaurada ao seu estado original. Portanto, o guardião precisa ter em mente que seu papel é garantir a longevidade e a integridade dessa peça.

Nessa jornada, a ética surge como um farol a guiar as ações do executivo. Como em todas as carreiras, compromissos éticos estabelecem padrões de comportamento que a sociedade espera. O gestor da marca não pode se permitir desvios que contradigam os valores que a empresa prega. A coerência entre discurso e prática é o que gera credibilidade e admiração - tanto por parte dos consumidores, quanto dos colaboradores. É essa coerência que transforma a marca em uma entidade digna de respeito e admiração.

No final das contas, o papel do executivo de Marketing é uma escolha de vida. Não se trata de ter sua vida pessoal sacrificada, mas sim de viver em sintonia com os valores da marca que decidiu representar. É uma dança de liberdade e responsabilidade, na qual cada passo deve ser dado com a consciência de que ele está contribuindo para a perpetuação de algo maior do que si mesmo. E essa é a beleza e a complexidade de ser o guardião de uma marca: saber que, ao cuidar dela, ele está, de certa forma, cuidando de uma parte de si.

*Cida Oliveira, diretora de marketing do Grupo Tacla Shopping.



Comentários

Patrocinado

Patrocinada

Patrocinada
Loja Uol

Postagens mais visitadas deste blog

Quem Vê Cara Não Vê Coração?

A famosa frase: “Quem vê cara não vê coração” é conhecida há décadas (se é que não há séculos). Muito romântica e criadora de esperanças, é usada para falar de amor e ódio, bondade ou maldade, etc. No entanto, quando trazemos tal afirmação para os conceitos mercadológicos, essa frase elaborada de forma afirmativa é totalmente improcedente. Para o mercado, a “cara” é preciso ser muito bem vista e valorizada, caso contrário, não haverá interesse do consumidor em conhecer melhor o produto, serviço, empresa ou profissional e se “apaixonar” pelo coração, pela alma e por tudo mais que apresente de melhor. Vamos analisar alguns exemplos simples, para esclarecer esse entendimento: Verifique as embalagens de perfumes famosos (tanto as de vidro quanto de papel, em especial as de vidro). Sempre são inovadoras, provocantes, sensuais, delicadas. São diferenciadas para criar no consumidor o interesse em ir até elas e experimentar suas fragrâncias. É preciso conquistar antes pelos olhos, depois pelo

Centro de Inovação e Criatividade ESPM lança o curso “Gestão da Inovação”

São Paulo, 15 de setembro de 2008 – Atualmente, um dos principais desafios das empresas nacionais é a inovação, no entanto, os investimentos na área são baixos para o melhor desenvolvimento das empresas. Para mostrar como as instituições e profissionais podem conduzir o processo de gestão da inovação por meio de metodologias e modelos estruturados, o Centro de Inovação e Criatividade ESPM lança o curso “Gestão da Inovação”, com início em outubro. O programa, pioneiro no mercado nacional, visa formar gestores da inovação aptos a atuar nas mais diferentes frentes de negócios. As aulas abordarão tanto a estratégia quanto a operação como parte do planejamento estratégico das empresas. Ao longo do curso, o aluno contará com questões fundamentais como a importância de todos os colaboradores no ato de inovar, as principais tendências do mercado e fatores chaves de sucesso. O participante conhecerá também o conjunto de ferramentas para o desenvolvimento do negócio, os caminhos para a inovação

Artigo: Sonhos de um profissional

Artigo: Sonhos de um profissional * Washington Kusabara O profissional pode ser entendido como uma pessoa em constante aperfeiçoamento. Em um fluxo de fabricação, onde há matéria-prima e produto acabado, o profissional deve ser como o material em processo, já que sempre há o que melhorar ou algum componente a ser acrescentado. Estipular objetivos significa avançar pequenos passos em direção aos nossos sonhos. Ainda que para alcançar estes objetivos seja preciso passar por alguns "desvios", ou até mesmo alguns "retrocessos", o importante é perseverar e cuidar para que haja determinação e não obstinação, que pode nos "cegar" e fazer com que se perca o rumo. Da mesma forma trabalham as empresas, já que as metas do mundo corporativo são referências circunstanciais que as companhias necessitam para sobreviver, crescer e evoluir. Diante não apenas da concorrência, mas das mudanças inesperadas dos cenários econômicos, a velocidade com que atingem

Patrocinado

https://click.afiliados.uol.com.br/Clique?idtUrl=397642&cpg=Mzk3NjQy&source=144&type=link&creative=SG9tZSBMb2ph&affRedir=https%3A%2F%2Fmeunegocio.uol.com.br%2Floja-virtual%3Faff_source%3Dae14226733424e5b905e2fa03e33d077