OS BENEFÍCIOS DA
GESTÃO DO CONHECIMENTO PARA AS ORGANIZAÇÕES
Sonia Wada é
diretora-presidente da SBGC
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Práticas de gestão
do conhecimento não são apenas modismos da administração moderna. Não é de hoje
que as empresas já a utilizam como ferramental de capacitação profissional.
Temos inúmeros exemplos de mestres que passam os ofícios de sua profissão a seus
aprendizes, desde os grandes mestres da arte como Da Vinci ao um simples
carpinteiro em sua oficina rudimentar.
A economia mundial
já viveu vários ciclos marcados pelas revoluções Agrícola e Industrial e, mais
recentemente, pela Revolução da Informação. Na Revolução Agrícola, o poder
político e econômico baseava-se na posse da terra. Já na Revolução Industrial, o
determinante era o capital financeiro. Nela, passamos pela eras da produção em
massa, da eficiência, da qualidade, da competitividade. Agora, em plena Era da
Informação o que pesa é o conhecimento.
O saber e o aprender
sempre foram as molas propulsoras da humanidade. Dados, informações e
conhecimentos sempre existiram em todas as organizações, sejam elas do primeiro,
segundo ou terceiro setor. O que há de novo nesse processo é entender o
conhecimento como capital intelectual ativo das instituições. Saber geri-lo,
conservá-lo, disseminá-lo, combiná-lo, criar e
aplicar o conhecimento é fundamental para obter sustentabilidade e
vantagem competitiva, por meio de melhorias, inovação
e aumentando a qualidade de vida das pessoas, nesse mundo de constantes
mudanças. Por isso é necessário que os gestores estejam abertos à criação
de um ambiente favorável ao apoio de práticas que levem à formação de mais
conhecimento, permitindo a captura e o filtro desse saber por meio de processos, métodos, práticas, ações e de sistemas
internos de compartilhamento entre seus parceiros.
A grande questão é:
onde está armazenado todo esse conhecimento? Ele está em toda parte, na cabeça
das pessoas. É o conhecimento tácito, ou seja, aquele que foi formado pela
vivência e pela interpretação e pela aplicação
constante de dados e informações. Como transformar esse saber em
conhecimento explícito, aquele que pode ser formalizado, armazenado,
transportado, utilizado e mensurado? Somente com o gerenciamento de todo esse
capital intelectual coletivo. Daí a necessidade da gestão do
conhecimento!
Com a velocidade das
transformações e a atual complexidade dos desafios, ganhar longevidade nesse
mercado inconstante não é tarefa fácil. Empreendimentos públicos e privados
devem antecipar suas estratégias aos fatos, precisam ser pró-ativos em suas
decisões e reinventar-se a cada dia.
O que garante a
segurança na tomada de decisões é a disponibilidade de todas as informações e
conhecimentos possíveis. Quando esse capital intelectual está inacessível,
disperso ou desorganizado, o futuro torna-se temeroso, incerto. A gestão do
conhecimento veio em auxílio dos empreendedores no desenvolvimento de soluções
relacionadas à competitividade e inovação nas empresas.
O cerne da gestão do
conhecimento é justamente preocupar-se com a organização do conhecimento humano
para que esse possa ser usado de maneira inteligente, gerando mais valor e
aumentando o desempenho e a vantagem competitiva. Cabe à GC (Gestão do
Conhecimento) criar, identificar, recolher, organizar, armazenar, integrar,
partilhar, difundir, transferir, socializar, usar e explorar toda informação,
filosofia, política, cultura, valores, normas, procedimentos, rotinas,
processos, práticas e experiências dos colaboradores.
Muitos
profissionais, com seus saberes individuais, deixam de trocar experiências entre
si, impossibilitando o encontro de soluções na base da pirâmide e impedindo a
implementação de uma boa gestão do conhecimento. Apoiada na participação ativa
da alta administração, a GC coloca todos trabalhadores em contato constante,
criando comunidades de aprendizado mútuo, disponibilizando a informação, na hora
e no lugar acessível para cada necessidade, evitando retrabalho e sem
duplicidade de esforços.
A gestão do
conhecimento estimula os indivíduos a buscarem e compartilharem seu capital
intelectual, de acordo com suas habilidades, por meio de ferramentas criadas
para esse fim como, por exemplo, redes internas, portais, conversas informais,
grupos de trabalho, lições aprendidas, comunidades de práticas, assistência a
colegas, análise de rede social, colaboração em rede, narrativas, educação
corporativa, inteligência nos negócios, processo de criação e inovação e gestão
de intangíveis. O resultado se materializa na aplicação desses saberes
cotidianos no ambiente de trabalho.
Os benefícios são
inúmeros tanto para a pequena empresa como para as gigantes multinacionais e até
governos e o melhor: está disponível para qualquer tipo de empreendimento. Basta
vontade de crescer e aprender sempre. Em primeiro lugar, as instituições ganham
agilidade e mais capacidade de resposta aos problemas imediatos, tornam-se mais
competitivas e rentáveis. Os trabalhadores, por sua vez, sentem-se valorizados e
motivados. Isto aumenta o seu rendimento produtivo, auxilia no desenvolvimento
de competências e facilita a comunicação entre os pares. Esses perdem o medo
natural de compartilhar ideias geradoras de inovação
e de enfrentar novos desafios. Além disso, a GC também propicia conscientização
do pessoal em torno do negócio, criando e aplicando o conhecimento em novos
produtos, nos processos, na execução de tarefas para atingir a excelência
operacional, no atendimento ao consumidor etc. Tudo isso agrega valor à
organização.
Para as empresas, a
GC melhora a capacidade de atrair profissionais comprometidos com resultados de
longo prazo, com conhecimentos e habilidades diversas, gera empregabilidade,
diminui a rotatividade, estimula a criatividade e a vontade constante de
aprendizado. Otimiza, ainda, os
processos internos e os fluxos de trabalho. Desta forma, a gestão do
conhecimento gera valor às organizações, diferenciando-as das demais. Propicia um melhor aproveitamento do
conhecimento já existente, contribui para a redução de custos, para o aumento de
competitividade e receita. Também os
investimentos em capacitação profissional acabam por retornar mais
rapidamente.
A agilidade nas
respostas e o comprometimento são notados pelos clientes que percebem a sensível
melhora no atendimento e na qualidade dos serviços, ou seja, quando uma decisão
é tomada com mais segurança, rapidez e competência há uma melhor obtenção de
resultados percebidos. Outra vantagem é conhecer os pontos fortes e fracos da
organização para buscar a correção de rumos e a melhoria contínua.
Invariavelmente,
empreendimentos bem sucedidos são aqueles nos quais a gestão do conhecimento faz
parte do ambiente e de sua cultura organizacional. Em
outras palavras, faz parte do seu DNA, isto é, está intrínseca nos processos,
sistemas, comportamento e valores. São aqueles que utilizam a GC como recurso
estratégico para gerar vantagem competitiva e aumentar o valor de mercado. São
os que incorporam essa inteligência coletiva à tecnologia, atendimento,
produtos e serviços. Exemplos não faltam, Apple, IBM, MPX, Tetrapak, Natura,
Correios, Petrobras, Vale, entre muitas outras. Essas empresas já entenderam que
o conhecimento é
um
gerador de riquezas, é um fator fundamental para mantê-las competitivas no
mercado, fortalecer suas competências e melhorar seu desempenho. Esse capital
não tem preço, portanto, não pode ser negociado!
*Sonia
Wada é pesquisadora,
formada em Biblioteconomia e Documentação pela ECA/USP, especialista em
informação tecnológica e gestão do conhecimento e mestre em Inteligência
Competitiva. Atualmente é diretora presidente da SBGC - Sociedade Brasileira de
Gestão do Conhecimento (www.sbgc.org.br) e
do KM Brasil 2012 – Congresso Brasileiro de Gestão do Conhecimento (www.kmbrasil.com), evento que acontece em agosto,
em São Paulo. E-mail: linksbgc@linkportal.com.br
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