por Vivian Rio Stella*
Direito,
Engenharia, Medicina. Quando o estudante em fase pré-vestibular
menciona que fará ou pensa em fazer um desses cursos, os pais,
geralmente, se enchem de orgulho. Por mais que saibam que passar nesses
vestibulares será tarefa árdua, dada a grande concorrência, que as
mensalidades em faculdades particulares desses cursos são altíssimas e
que qualquer carreira exige muita dedicação, escolher uma profissão com
certo prestígio social tranquiliza os pais e, até mesmo, os filhos.
O que se percebe é que os pais, ao tentar minimizar possíveis fracassos e ajudar os filhos a ter sucesso, muitas vezes rápido, não olham para os próprios filhos, mas sim para si mesmos. E não fazem isso por mal, claro que não, é por amor e zelo. Mas é preciso atentar-se para o fato de que, quando damos um conselho ou uma orientação para alguém, revelamos mais sobre nós mesmos (nossas crenças, anseios, expectativas, valores) do que sobre o outro. Outro ponto de atenção é lembrar de seu próprio cotidiano profissional, repleto de altos e baixos, o que significa que evitar que os filhos passem por dificuldades nesse momento de escolha não os livrará de enfrentar problemas na carreira.
Além
disso, existem inúmeras carreiras novas e promissoras, especialmente às
ligadas às redes sociais e à tecnologia (mas não só), que não dependem
de uma graduação específica ou que não tem (ainda) status social. Por
desconhecimento ou conservadorismo, muitos pais tendem a ver essas
profissões com certo ceticismo e desconfiança, mas pode ser justamente
em uma carreira diferenciada que seu filho pode se destacar e ser
bem-sucedido. Cabe destacar também que, não raro, o curso de graduação
não determina de forma contundente e definitiva uma carreira, basta ver
as inúmeras histórias, por exemplo, de advogados que se tornaram donos
de restaurante ou professores universitários. Em outras palavras, nada é
definitivo quando se trata de carreira, por que seria o curso de
graduação, a primeiríssima etapa dessa longa trajetória?
A imparcialidade que o Coach tem em seu trabalho é o que muitas vezes os pais não conseguem ter nesse momento de decisão do filho, decorrente do forte (e natural) laço afetivo-amoroso entre pais e filhos. Além disso, pelo distanciamento afetivo e pelo profissionalismo, o Coach é capaz de propor reflexões e lidar com respostas decorrentes de perguntas como: Com base em que você escolheu este curso? Qual a razão de sua incerteza? Quem você acha que está julgando a sua escolha por esse curso? Você quer dar a essa(s) pessoa esse poder? Como você imagina que será seu dia a dia ao atuar nessa profissão?
Por
isso, ajudar realmente um estudante nessa fase pré-vestibular não é lhe
dar conselhos, opiniões e direcionamentos ou fazê-lo passar por um
teste vocacional. É preciso estimular a reflexão e o autoconhecimento,
ouvir mais e evitar os julgamentos. São práticas aparentemente
rotineiras, mas, na prática, muito desafiadoras, especialmente quando se
trata da relação entre pais e filhos. Um profissional capacitado,
portanto, pode ser útil nessa fase. A relação familiar será menos
desgastada e conflituosa e os frutos do aprendizado do jovem no processo
de Coaching serão colhidos não apenas nessa primeira escolha
profissional, mas nas muitas outras que virão.
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